Todo final do ano, aguarda-se um balanço sobre o número de golpes on-line efetivados (aqueles em que as pessoas realmente caíram). Obviamente, não há como se ter um dado numérico dos dados tentados, mas não efetivados, pois na maioria desses casos sequer se tem uso registro de alguma ocorrência policial ou em órgão de defesa do consumidor.

A ADDP (Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor) foi uma das primeiras instituições a no início de 2024, informar um crescimento em relação aos golpes de 2023 e as modalidades que mais se expandiram. Tais dados foram posteriormente confirmados através de vários outros institutos e de dados oficiais dos fóruns de segurança pública.

O Presidente da ADDP, especialista em direito digital e cibersegurança, Francisco Gomes Júnior, faz a ressalva de que “temos uma base de dados confiável, porém os dados definitivos sobre a quantidade de golpes em 2024 são divulgados oficialmente durante os três primeiros meses do ano. O que temos neste momento é uma amostragem confiável que nos permite as primeiras considerações e balanço sobre o ano de 2024”.

De acordo com a ADDP, levando-se em considerações os dados oficiais disponibilizados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Publica e por outras consultorias, tivemos um aumento de quase 50% no número de golpes praticados em 2024.

As modalidades mais praticadas permanecem sendo a de golpes bancários (com várias modalidades), phishing (cada vez mais sofisticado) e golpes sociais (aqueles em que a engenharia social convence a vítima a tomar alguma atitude que lhe causará prejuízo financeiro).

“De certa forma era previsível um aumento no número de golpes pois o crime organizado migra cada vez mais para esse tipo de crime. As organizações percebem que o investimento pode ser menor do que aquele necessário para um grande assalto a banco ou outra instituição e o risco de prisão e mortes é incomparavelmente menor” explica o Presidente da ADDP.

Foram cerca de 5 milhões de golpes praticados em 2024, o que representa um crescimento entre 35% e 45% em relação ao ano anterior. Estatísticas oficiais demonstram que 1 em cada 4 brasileiros sofreu alguma tentativa de golpe e cerca de metade dessas pessoas acabou se tornando vítima.

“Os golpes foram aperfeiçoados com o uso da inteligência artificial, que conseguem simular com perfeição a voz e até imagem de pessoas, o que torna qualquer pedido mais crível para quem o recebe. O prejuízo certamente é bilionário e em breve termos um número mais definitivo, mas golpes através do Pix, do falso contato bancário, que se combinam com roubos e furtos de celular com a tela desbloqueada contribuíram decisivamente para esse crescimento” conclui Gomes Júnior.

Devemos estar cada vez mais atentos pois o desenvolvimento tecnológico tem potencial para nos confundir e criar interações que podemos acreditar como verdadeiras, mas que podem ser apenas simulações com o objetivo de invadir nossos aparelhos, furtar nossos dados ou aplicar golpes em nossas contas bancárias.

Todo cuidado é pouco!